quarta-feira, 18 de abril de 2012








Segredos do Recôncavo

Talentos inexplorados, arte e cultura em Castro Alves


A pequena cidade do recôncavo, Castro Alves, abriga grandes ícones que são em si mesmos a história viva, como os longevos Aurino Teixeira e Maria Eulina Novaes, a namoradinha de Castro Alves, e talentos, um tanto inexplorados como o escritor Vanderlei Nunes Rodrigues.
Castroalvense, mais conhecido como Zaga, ele ocupa a cadeira de Nº 12 da Academia de Letras e Artes de Castro Alves e é ator amador. Tem publicada a obra “Entre o Sonho e a Realidade”, que reaviva em nós a ideia de sonhar mais e acreditar em nossas escolhas. Dono da Companhia de Teatro Skandalu’s, que permanece de pé há quinze anos, devido ao esforço e dedicação de todos seus membros e de parcerias que se renovam com muita luta a cada novo espetáculo. 
  A CIA nasceu em março de 1995, com a finalidade de angariar fundos para uma festa de conclusão do curso de ensino médio. A primeira peça ensaiada pela trupe foi: “O Malandro e a Graxeira, no chumbrego da Orgia”, texto adaptado do autor João Augusto. A festa não aconteceu, mas nasceu naquele ano a Cia. Teatral Skandalu’s, fazia parte da trupe o Vanderlei, José Antônio, Ronilson Oliveira,Ivana, Elizangela, Célia, Tatiane Gomes, Cristiane Zimmer e Lílian, todos moradores da cidade e colegas do colegial. Essa primeira peça foi apresentada em Castro Alves no clube Palmeiras, no antigo Espaço 10 e também na cidade vizinha Santa Terezinha.



   No ano seguinte a Cia. Perdeu alguns integrantes, ficando apenas Vanderlei, José Raimundo, Elizangela, Ivana e passava a integrar à trupe Eliete.  Era preciso uma nova peça e Vanderlei escreveu “As Beatas”, a peça integrava os poucos atores que sobraram. Sem apoio financeiro e patrocinadores a peça só foi apresentada em Castro Alves. Em 1997 passou a  integrar a Cia. Mayanna Pacheco, interpretando uma personagem dissimulada da peça “As Beatas”.
  Em 1998, restou na Cia. apenas Vanderlei e José Antônio e durante esse ano ficou desativada. No ano 1999 a Skandalu’s retornou aos palcos castroalvenses com a peça “O Amor da Flor” do autor Vanderlei; com novas integrantes: Marta Nery e Jainara Barbosa.
  Meados do mesmo ano a Cia recebeu outros atores: Rafael Júnior, Silmar Pinheiro, Thyeme Medeiros, Ana Carolina e Ariana, logo nosso escritor produziu uma nova peça “E o mundo não se acabou!”, que foi apresentada no mês de setembro.
 A Skandalu’s organizou a “I Mostra de Teatro e Cultura de Castro Alves”, marcaram presença grupos de teatro de Salvador, Cruz das Almas, Cachoeira e Governador Mangabeira, em novembro de 1999. O evento durou três dias, levou entretenimento e cultura para a população carente de arte da cidade e ganhou destaque no jornal “A Tarde”.
  Outra peça escrita por Vanderlei, “Quem me chamou!”, ficou em cartaz janeiro e fevereiro de 2000. Em março do mesmo ano, mês em que é comemorado o aniversário do poeta Castro Alves, a trupe realizou na Praça da Liberdade o “Recital Poético” homenageando o também escritor e ex-prefeito da cidade, o longevo Aurino Teixeira.
   Na comemoração dos 500 anos do Brasil, foi apresentado um musical intitulado “Brasil, mostra a tua cara”. A Praça da Liberdade virou palco também para reapresentação de “As Beatas” e da peça “E o mundo não se acabou!”.
   Em 2001, o escritor dedicou-se a homenagear Maria Eulina Novaes, mais conhecida na cidade como D. Morena, a namoradinha do poeta Castro Alves, com a peça “Um grito de liberdade”.
    Alguns dos integrantes foram embora da cidade em busca de formação superior e de emprego, ficando a Companhia desativada por algum tempo.
   As atividades foram retomadas em março de 2009, com a produção local da Oficina e Montagem da peça “História de uma Lágrima Furtiva de Cordel” inspirada livremente na obra “A Hora da Estrela” de Clarice Lispector, com direção geral da arte-educadora e diretora teatral, Cristiane Barreto.
  A Cia desafiou-se em abril com a montagem da mesma peça, sob a direção de Vanderlei, apresentando-se na Câmara Municipal.



 A história da Companhia não se difere do desenvolvimento cultural da cidade, segundo Vanderlei os castroalvenses até tem um olhar voltado para as artes, é possível observar que a cidade tem muitos artistas plásticos, escritores, poetas, cantores, atores e musicistas. Só não encontram apoio do poder público que de nenhuma maneira investem nesses artistas. Declara que em seu livro “Entre o Sonho e a Realidade”, nota-se que o apoio foi de pessoas comuns e comerciantes locais.
 O belo trabalho realizado pela trupe, não é apenas algo que motiva a cultura local, mas também uma alavanca social influenciando os jovens a participarem das peças, de escola em escola divulgando os novos trabalhos e convidando os alunos para assistirem aos ensaios, eles passam a frequentar as oficinas e sempre são descobertos novos talentos.
 O escritor afirma que não segue nenhum ritual para desenvolver seus textos. “Às vezes vejo alguma coisa que me chama atenção e vou guardando (armazenamento de experiências) e cada dia vai formulando um personagem na mente e quando vou escrever já estou com quase toda a peça na cabeça. Mas uma coisa que faço antes de tudo é dar título, aí com certeza a inspiração flui.”
 Vanderlei como outros castroalvenses, possui a visão de sonhador. Frisa que vive tentando colocar a qualquer custo a cultura nos planos da cidade, mas o poder mantem os olhos fechados.
 A nova peça do escritor, que faz questão de atuar em todas elas, é “Os Amores de Jurema”, em cartaz na cidade.
 O sucesso da primeira e única Mostra de Teatro de Castro Alves e projetos como os recitais realizados em praça pública deveriam ser projetos rotineiros na cidade, apoiados pelos governantes, como forma de atrair turistas para a cidade onde viveu o tão famoso “Poeta dos Escravos”, Castro Alves, a fim de desenvolver a cultura local que abriga tantos outros grandes artistas.

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